quarta-feira, 30 de julho de 2014

Palavras, apenas palavraaasss

Escrever não se restringe a limitar-se ao seu próprio trabalho, isso seria soberba demais. Imbuída de tal pensamento, li uns trabalhos de outro cronista. Nossa! Quantas palavras bonitas, rebuscadas, tudo num admirável tom que o Aurélio, ou o Houaiss se orgulhariam!
         Minha estima caiu como a bolsa de Nova Iorque em 1929, entrei em crise, comecei a achar que não sabia escrever, que a verdadeira escrita deveria ser requintada, burilada com vocábulos mais eruditos, mais clássicos.
         Quantos de nós não pensa assim quando conversam com alguém aparentemente mais educado, mais fino, mais “estudado”?
         Guimarães Rosa, quando escreveu “Grande Sertão: Veredas” narrou um diálogo entre um jornalista, “moço da cidade” e um “matuto”, um homem do campo. Pois não é que eles conseguiram se comunicar? Riobaldo, o roceiro, se mostrou, inclusive, um grande filósofo.
         Em “A distância entre nós”, de Thrity Unrigar, patroa e empregada são separadas apenas por sua classe social, porque as dores são as mesmas, os segredos e silêncios também.
         A linguagem não pode nos separar!
         Voltando para o meu problema, descobri o óbvio, não se trata de um problema, mas de uma diferença, como tantas outras por aí.
Aliviada, pelo fato de a crise ter passado, voltei à minha escrita livre, bicho solto, como eu.

Lenine disse: “são só garotos”, já eu digo: “são só... palavras”.

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