segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Um brinde

     Já disseram que sou como uma corda tensa de um violão, fiquei lisonjeada, porque se a corda estivesse frouxa não sairia o som harmonioso que sai de um violão.

A tensão em que estou e que na verdade faz parte de mim, é derivada se uma série de acontecimentos que não devem ser explicados, até porque sozinhos levariam a lugar algum, ou a conclusões errôneas, como a que se tentou dar com a metáfora citada acima.

Na verdade ainda estou em construção...

Gosto dessa ideia, isso é sinal de que estou viva, porque se não estiver aberta para receber as influências do meio e do mundo estaria sendo afetada, pretensa e mais alguns adjetivos que não me ocorrem agora, ou talvez ocorram e eu não queira usar.

Enfim, já se questionaram sobre quem vocês são, ou para onde vão, ou qual o seu papel no mundo? Imagino que uma infinidade de vezes. Chegaram a alguma resposta? Mais uma vez recorro a minha imaginação fértil para responder: não.

Sabe por que não chegaram a uma resposta? Talvez porque seja um enigma para o final da vida e, não, para o decorrer dela.

Se já soubessem o que são, para onde vão ou o que devem fazer durante essa existência, teriam que admitir um certo determinismo, que não existe a possibilidade de se reinventar, ou simplesmente de deixar o barco correr, até porque ele não estaria a deriva, mas os levaria a um lugar certo.

Correndo o risco de fazer com que o meu raciocínio pareça ser circular, voltamos ao início: corda tensa de um instrumento musical. Ela não produzirá o mesmo som caso seja tocada em lugares e formas diferentes, assim como jamais poderíamos ter certezas e sairmos incólumes delas.

As incertezas são elementos de construção, dá-nos um poder de decisão, esquerda ou direita, reta ou curva, enquanto as certezas deixam tudo cartesiano demais, logo, maçante.

Jamais seremos maçantes, porque não temos verdades absolutas em nossas vidas, com exceção daquelas que a matemática comprovou.

Observação: caso tenha alguma verdade absoluta dentro de você, cuidado, guarde-a até que a comprove ou, o mais provável, que descubra estar errado.

E a vida, como fica?

Seguindo como um rio sereno, cheia de segredos os quais você não descobrirá, apenas se banhará nesse rio e ficará feliz em deixar a água secar no seu corpo, de sentir o frescor que ela lhe trará, imerso na vida ou com respingos dela ainda estamos sujeitos a mudanças e descobertas.