Sinto que as palavras me fogem,
como fugiram as lembranças do meu
passado:
dos teus dedos entrelaçados,
encaracolados nos meus.
A caneta descansa manhosa em
minha mão, não respira:
como não respiramos naquele
último gozo.
Sem saber o que era dia, o que
era noite
se era começo ou fim, se eram
estes ou aqueles,
fomos um só:
uma luz, uma carne, um desejo...
uma solidão.
Respiramos...
Eis que intrépida, ela volta a
correr pelo papel.
Novo suspiro, a boca carnuda se
mexe.
A tinta cruelmente marca a alvura
da folha.
Com as gotas ainda se derretendo
na pele quente,
marcando nossos prazeres
inesquecíveis,
ouço:
Adeus.
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